A mulher da foto é apontada pela Polícia Civil como responsável por aplicar o golpe do "Bolsa-Remédio", que lesou dezenas de aposentados neste verão e continua fazendo vítimas. No Litoral Norte e na Região Metropolitana, ela teria deixado um rastro de idosos com suas contas violadas, agora no vermelho, no cheque especial.
A vergonha de terem sido passados para trás faz com que eles evitem dizer seus nomes ou tirar fotografias. Mas todos querem alertar:
- Não se pode abrir a casa para ninguém, mesmo que essa pessoa pareça ser de confiança - destaca um casal que caiu na lábia da mulher, há poucos dias, no Bairro Rubem Berta, na Capital.
Na praia, ela se apresentava como Simone. Em Porto Alegre, diz apenas ser uma agente de saúde. Oferece aos aposentados o "Bolsa-Remédio". Como tem de fazer um cadastramento, pede para entrar na casa da família.
- Promessa é de auxílio, mas...
Quando autorizada a sentar-se no sofá, alcança um envelope e orienta as vítimas a colocarem todos os seus cartões bancários dentro, assim como o número das senhas por escrito. Em troca, promete um auxílio de até R$ 300 para remédios.
Ela avisa que o envelope ficará com eles e só poderá ser aberto dez dias depois. Em um momento de distração dos idosos, ela troca o documento por outro e leva todas as informações consigo.
- DP rastreou os passos dela
Ao rastrear uma das compras que ela fez com os cartões furtados, policiais da 22ª DP chegaram até uma loja onde a golpista andou. E... a loja tinha câmeras de segurança. A mulher da imagem é apontada pela polícia como a que usou o cartão de uma das vítimas. Gordinha, chegou a dizer em uma casa que pesa 117kg. O estilo de roupa, a blusa caída no ombro, também são reconhecidos pelos aposentados.
- Não tem o que tirar nem por. Temos certeza absoluta de que é ela. A polícia tem que pegar essa mulher - desabafa o casal do Rubem Berta.
Golpe velho, mas muitos ainda caem
Titular da 22ª DP, o delegado Omar Abud tem três casos em mãos, todos de vítimas dos arredores do Rubem Berta, na Capital. São crimes registrados em 19 e 20 de março e, depois, em 4 de abril. O último levou os policiais até a mulher
Desesperado, um casal de aposentados, 60 anos e 65 anos, foi até a delegacia. A falsária tinha ido à casa deles no final da tarde de uma quinta. Na manhã do dia seguinte, a aposentada contou a história para uma vizinha, que a alertou: só podia ser um golpe.
Dezoito horas se passaram e o prejuízo foi de quase R$ 6 mil. Foram feitas compras em hipermercados e saques em lotéricas. Até o cheque especial do casal a criminosa usou.
- É um golpe velho, mas as pessoas caem nele. Nunca, nunca, nunca se pode dar a senha para alguém. Vamos pegar essa mulher - promete o delegado.
Envergonhados, o homem e a mulher pedem para não serem identificados. Além das noites em claro, ele chegou a perder 2kg.
- A gente trabalha tanto para ter um dinheiro, ajuda as pessoas, não tem maldade e acontece isso? - revolta-se a aposentada.
Casal perdeu R$ 40 mil
Da fresta da janela, a mulher avisa:
- Não quero mais falar sobre isso, estou deprimida, no fundo do poço.
Essa é a sensação, de ter sido passada para trás, de uma aposentada de Porto Alegre, 69 anos. Ela e o marido foram lesados em R$ 40 mil.
A mágoa dela começa quando resolveu abrir a porta para a mulher, continua por ter caído no golpe e chega até a agência bancária da qual ela era cliente havia 42 anos e tudo que pôde fazer foi lhe oferecer um empréstimo para reparar a situação.
- Eu já tinha visto ela andando em outras casas na rua. Era de tardezinha, acabei deixando ela entrar pra não ficar no portão. Castigo pra essa mulher é pouco - indigna-se a aposentada.
Como é o golpe:
- A falsária se apresenta como funcionária de um posto de saúde em visita aos pacientes, geralmente idosos. Argumenta que irá cadastrá-los no "Bolsa-Remédio", programa que não existe.
- Com um envelope timbrado da Caixa Federal, a vigarista pede às vítimas a senha do banco e o cartão. Documentos são guardados no envelope sob o pretexto de que ficarão com os próprios idosos.
- Mas, sem que eles percebam, a golpista troca os envelopes e vai embora com os cartões do banco com as senhas. Dez dias depois, as vítimas abrem os envelopes e se descobrem vítimas de um golpe.
Não caia:
- O "Bolsa-Remédio" não existe. Jamais revele suas senhas.
- Para ter remédios gratuitos, basta o idoso consultar o posto de saúde e ser cadastrado na farmácia popular.
- Para informações, contate o Ministério da Saúde pelo telefone 136. A Secretaria Estadual de Saúde fornece medicamentos especiais e atende pelo mesmo número.
Denuncie
- A mulher é descrita como morena, de chapinha nos cabelos e gorda.
- Se você a reconhecer, avise a polícia pelos telefones: 3348-4530 ou 8422-3242.
- A falsária já aplicou golpes na Região Metropolitana e no Litoral.
- Bem articulada, ela se faz passar por agente de saúde.
Imagem foi registrada pela câmera de segurança de uma loja
Foto: Luiz Armando Vaz / Agencia RBS
Foto: Luiz Armando Vaz / Agencia RBS
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