segunda-feira, 11 de junho de 2012

Motorista é resgatado pelo Corpo de Bombeiros após carro cair no Arroio Dilúvio

O condutor de um Renault Scénic foi retirado das águas do Arroio Dilúvio no início da manhã desta segunda-feira, próximo ao cruzamento das avenidas Ipiranga e Beira-Rio, em Porto Alegre. O condutor perdeu o controle do veículo e desceu o córrego, às margens do Guaíba.

Segundo o Corpo de Bombeiros, a vítima estava sozinha no carro. O automóvel estaria trafegando no sentido da Zona Sul para o Centro, conforme os bombeiros.

 
Foto: Ronaldo Bernardi

O condutor foi resgatado por uma equipe dos bombeiros, recebeu atendimento e passa bem, apesar de apresentar sintomas de hipotermia. Ele foi encaminhado ao Hospital de Pronto SocorroMotorista é resgatado pelo Corpo de Bombeiros após carro cair no Arroio Dilúvio Ronaldo Bernardi/Agencia RBS

domingo, 10 de junho de 2012

Homicídios caem 22% em regiões da Capital vigiadas por força-tarefa


Às vésperas de se completar um mês do início da força-tarefa da Brigada Militar para conter crimes e homicídios na Região Metropolitana, um balanço revela que a iniciativa foi bem sucedida na Capital. Foram deslocados 200 policiais do interior do Estado para a operação.

Dados preliminares fornecidos pela BM indicam que de 11 de maio a 8 de junho, comparado com o mês anterior, de 11 de abril a 10 de maio, nos locais de atuação da força-tarefa (zonas Norte e Leste), em Porto Alegre, os homicídios tiveram redução de 22%, caindo de 23 para 18.

O reforço policial na Grande Porto Alegre foi uma determinação da Secretaria Estadual da Segurança Pública depois da constatação de aumento de 19,6% dos homicídios no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2011.
— A ampliação do efetivo de policiais ajudou a reduzir o número de homicídios, sobretudo, em bairros como Rubem Berta, Mario Quintana, Sarandi, Agronomia, Lomba do Pinheiro e Intercap — explica o comandante do Centro de Policiamento da Capital (CPC), tenente-coronel Paulo Stocker
Assassinatos mudam de horário em Alvorada
As operações contra os homicídios em Alvorada, reforçadas com PMs do Interior, são responsáveis por um fenômeno. Os assassinatos têm mudado de horário na cidade. Antes concentrados nas madrugadas, passaram a ocorrer à tarde — em Alvorada, o índice de homicídios aumentou em 33%, de 6 para 8 homicídios.

Os PMs extras trabalham em sistema de revezamento. São 28 policiais a mais em um turno e 32, em outro. Além disso, o batalhão tem visitado áreas conflagradas na companhia da banda da BM e de cães da corporação para aproximá-la das comunidades. Outra estratégia para conter os homicídios é colocando na rua, nas sextas-feiras, o pessoal que trabalha no serviço burocrático.

PMs fazem rondas em locais com mais mortes em Viamão
Os pontos onde mais ocorrem assassinatos em Viamão se tornaram locais de visita constante dos PMs do 18º BPM do município. A definição dos lugares se deu depois de um levantamento feito pelos policiais. Apesar disso, o número de incidência de homicídios aumentou de quatro para cinco. 

— Nós fazemos rodízio nesses locais onde mais ocorrem homicídios, e está dando resultado — diz o comandante do batalhão, tenente-coronel José Luis Ribeiro Paz.

Gravataí manteve o mesmo número de homicídios (dois) após o emprego da Força Especial, sem aumentar a incidência.

PMs do Interior ficarão na Região Metropolitana mais um mês
A ideia inicial é que os policias do interior permaneçam na Região Metropolitana por 60 dias.
— No final deste período vamos avaliar em que medida os objetivos iniciais foram alcançados e a necessidade da continuidade do reforço de efetivo nestas áreas. É importante destacar que o trabalho que a BM vem realizando é de uma estratégia de preservação da ordem pública no Estado, e que estas áreas hoje selecionadas necessitavam de uma articulação imediata em prol de coibir a escalada da violência nos bairros selecionados — garante o coronel Sergio Roberto de Abreu, comandante-geral da BM.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Mortes passam do número 500 na Região Metropolitana


O relógio marcava quase 23h, sábado, quando a menina de 13 anos levantou para ver quem batia à porta da casinha simples, de madeira, na Estrada do Boqueirão, Bairro Sagrada Família, em Gravataí. Nem teve tempo de atendê-lo. Levou um tiro na boca. A mãe dela, 44 anos, também não conseguiu reagir. Deitada em um colchão e assistindo à televisão, foi atingida por pelo menos cinco disparos.
Os estouros coincidiam com a chuva que havia apertado. Uma vizinha, assustada, chegou a pensar em pane elétrica na rua. Correu para desligar a tevê da tomada. Quando chegou na rua, viu a menina cambaleando.
- Tiros, tiros. Mataram a minha mãe - balbuciava, com o rosto ensanguentado.
Enquanto isso, dois suspeitos corriam em direção a um beco próximo. Alguns vizinhos viram uma caminhonete arrancar em alta velocidade pouco depois.
Vizinha ajudou a adolescente
Uma costureira de 51 anos socorreu a adolescente, levada pelo Samu ao Hospital Dom João Becker, onde permanecia até ontem. A mãe morreu. Pelo levantamento do Diário Gaúcho, foi a 503ª vítima no ano na Região Metropolitana e parte do Vale do Sinos. Ontem, o número chegou a 506. Uma marca trágica que ocorre quase um mês antes em relação a 2011 (30 de junho). Este ano, pelo menos três pessoas foram mortas por dia na região. Se a média persistir, o ano fechará com 1,1 mil mortes.
Em Gravataí, foi o 33º homicídio. A mulher tinha antecedente por furto e o marido cumpre penas por roubo, furto e homicídio no Central.
Maconha achada perto do corpo
Próximo ao corpo, policiais encontraram uma pequena quantidade de maconha. O que os investigadores ainda tentam descobrir é a motivação, que pode ser a disputa por bocas de fumo ou resultado de uma briga ocorrida dias antes.
Polícia muda estratégia
O assassinato vai marcar o primeiro caso a ser apurado pela força-tarefa da Polícia Civil para homicídios em Gravataí, ação centralizada na 1ª DP desde o começo desse mês. A estratégia de concentrar a investigação das mortes numa única delegacia ocorrerá nos municípios da 1ª DRM. A medida é a parte da estratégia do governo para combater os assassinatos.
A ação da Brigada já rende os primeiros frutos. Em pouco mais de três semanas com PMs vindos do Interior reforçando o patrulhamento, a média de assassinatos caiu cerca de 8%.
Especializadas serão criadas
- A expectativa é de que, concentrando as apurações com uma equipe, conseguiremos ter mais presença nos locais e, possivelmente, índices de resolução bem melhores - avalia a diretora da DRM, delegada Adriana Regina da Costa.
Em Alvorada, a 1ª DP responde pelos homicídios e, em sua primeira operação, na semana passada, prendeu seis suspeitos. Já em Viamão, as investigações ficarão com a 2ª DP. Cada um desses municípios recebeu, em maio, o reforço de oito agentes.
As 2ª e 3ª DRMs criarão delegacias especializadas em homicídios.
Números por cidade
- Porto Alegre - 193
- Alvorada - 56
- Viamão - 43
- Novo Hamburgo - 41
- Canoas - 40
- São Leopoldo - 38
- Gravataí - 33
- Guaíba - 12
- Sapucaia do Sul - 12
- Esteio - 10
- Cachoeirinha - 9
- Sapiranga - 6
- Campo Bom - 5
- Portão - 5
- Nova Santa Rita - 2
- Eldorado do Sul - 1
Por mês
- Jan. - 116 (3,7/dia)
- Fev. - 75 (2,5/dia)
- Mar - 92 (2,9/dia)
- Abril - 121 (4/dia)
- Maio - 92 (2,9/dia)
- Junho - 10 (3,3/dia)
Saiba mais
- Em média, foram 3,2 homicídios por dia até 10 de maio.
- A partir de 11 de maio, com o reforço da BM, a média caiu para três homicídios.
- Em Viamão, onde acontecia uma morte a cada três dias, no período houve uma a cada 12 dias.
- Na Capital, o índice continuou: em média, seis homicídios a cada cinco dias.
Outros homicídios do final de semana
- 499 - Fernando Cardoso da Silva, 27 anos, foi executado em Canoas, sexta, às 20h15min, com pelo menos seis tiros na Rua Romeu Morsch, Bairro Harmonia.
- 500 - Membros dos Bala na Cara são suspeitos de matar Danglares Cunha Matos. E por engano. Morador da Vila Pinto, na Capital, ele teria sido confundido com um rapaz que tem rixa com o bando. O crime foi na Rua José Madrid, sexta, às 22h.
- 501 - Róbson William Castilho Xavier, 18 anos, foi morto pouco antes das 21h de sábado na Rua Iemanjá, Bairro Stella Maris, em Alvorada.
- 502 - Márcio André da Silva Cezar, 23 anos, foi morto pela BM com tiro no peito em Esteio. Conforme PMs, ele se negou a parar em uma blitz e sacou uma arma na Avenida João Paulo I, Bairro Santo Inácio, às 21h de sábado.
- 504 - Vanessa Lopes, 30 anos, foi morta a tiros em Nova Santa Rita. Segundo a polícia, foi por ciúme. Ela foi atacada em casa às 4h de sábado, no Loteamento Popular, pelo namorado. Ontem, a BM prendeu Nélson Gloschke, 40 anos. Levado à DPPA de Canoas, segundo os agentes o homem confessou o crime e foi autuado em flagrante.
- 505 - Cedenir de Oliveira, 50 anos, levou cinco tiros na Avenida Edgar Pires de Castro, Zona Sul da Capital, às 17h40min de ontem. Um homem foi preso em flagrante no local. O motivo seria um acerto de contas.
- 506 - Alan Brum, 17 anos, levou vários tiros na Avenida Bento Gonçalves, ontem à noite, em Viamão.
Mortes passam do número 500 na Região Metropolitana Lívia Stumpf/Especial

Arquiteto britânico faz críticas a projeto de vila reassentada em Porto Alegre


Pouca oferta de trabalho, baixa durabilidade das casas e falta de obras verdes são ressalvas de palestrante do Fronteiras do Pensamento à Nova Chocolatão

Passado mais de um ano do reassentamento da Vila Chocolatão, na Avenida Loureiro da Silva, para o residencial Nova Chocolatão, na Protásio Alves, a transferência é vista como bem-sucedida pela prefeitura de Porto Alegre. Tanto que a ideia será apresentada durante a Rio+20 e foi levada a Moçambique, África do Sul e Canadá, onde os governos locais pretendem implantar iniciativas parecidas.
No entanto, o arquiteto Cameron Sinclair, sócio-fundador da Architecture for Humanity (AFH ou Arquitetura para Humanidade), palestrante desta segunda-feira do projetoFronteiras do Pensamento, vê com ressalvas alguns pontos, após visita durante a manhã ao local onde a vila foi transferida. 

Uma das questões a solucionar é a falta de oferta de trabalho aos moradores. Antes, a maioria era autônoma e atuava como catador de lixo no Centro. Agora a proposta é que, em uma associação, as pessoas sejam recicladoras. Os resíduos da coleta seletiva são levados para um galpão de reciclagem, separados e vendidos para empresas privadas, o que está, de fato, ocorrendo. Porém, são apenas 40 chefes de família na atividade — no lugar vivem 180 famílias. A prefeitura planeja dobrar a quantidade de trabalhadores e operar na capacidade máxima de tempo e funcionários, mas ainda assim nem 50% dos moradores teriam emprego garantido na recicladora. Outros, segundo a prefeitura, teriam obtido trabalho fora da reciclagem, com carteira assinada. 

— Estou desempregada há dois meses. Saí do galpão de reciclagem por motivo de doença e agora estou na fila para voltar, mas não tem vagas — reclama uma das moradoras. 

Outro ponto é a baixa durabilidade do material de construção das casas. O arquiteto avalia que a cobertura das habitações, por exemplo, pode durar somente de 10 a 15 anos. E, fora a reciclagem em si, o residencial tem deficiência de projetos arquitetônicos sustentáveis: 

— Os tetos poderiam ter captação para energia solar, poderia haver um reservatório que aproveitasse a água da chuva — sugere. 

 
Arquiteto visitou creche, biblioteca e galpão de reciclagem
Foto: Ronaldo Bernardi/Agência RBS

O britânico ressalta que a transferência ocorreu do modo correto, articulando informação, debate e aprendizado entre poder público e comunidade. Ele evita fazer previsões, mas acredita que, se os dois lados souberem superar as dificuldades, a Nova Chocolatão pode vir a ser um exemplo.
Acompanhado pelo prefeito José Fortunati, pelo secretário de coordenação política e governança local Cezar Busatto e por funcionários municipais, Sinclair conheceu também a creche comunitária Nossa Senhora Aparecida, que atende parte das crianças do residencial, a biblioteca comunitária e o galpão de reciclagem.
A visita foi promovida pela prefeitura e pela Braskem, que estão entre os organizadores do Fronteiras do Pensamento. O projeto é apresentado pela Braskem e tem patrocínio de Unimed, Natura, Gerdau e Grupo RBS. Conta com a UFRGS como universidade parceira, o apoio da Petrobras no módulo educacional e parceria cultural de Unisinos, prefeitura de Porto Alegre e governo do Rio Grande do Sul.Arquiteto britânico faz críticas a projeto de vila reassentada em Porto Alegre Ronaldo Bernardi/Agencia RBS