quinta-feira, 2 de agosto de 2012

"Os ratos daqui são maiores que muitos cachorros que vocês criam em casa", relata preso durante seminário no Presídio Central


Organizado pela Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), um semináriorealizado no Presídio Central de Porto Alegre teve na manhã desta quinta-feira um momento diferenciado. É que quatro presidiários com longas penas foram escolhidos pelos próprios companheiros para relatar seu cotidiano. O depoimento de um deles, o ex-PM Jorge Gomes, provocou lágrimas no juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC), Sidinei Brzuska.
— Se 10% do que está previsto na Lei de Execuções Penais (LEP) fosse cumprido, nós viveríamos em boas condições. Mas a lei é como o livro Pequeno Príncipe, uma boa fantasia — resumiu Gomes, antes de enumerar problemas vivenciados pelos detentos.
 
Foto: Ronaldo Bernardi / Agência RBS

Entre as queixas de Gomes, que cumpre pena por homicídios e assaltos, está a falta de oportunidade para que os presos estudem além do Ensino Médio, a dificuldade de conseguir reinserção após sair da cadeia e a própria vivência diária no presídio.
— Os ratos daqui são maiores que muitos cachorros que vocês criam em casa — provocou, despertando risos na plateia.
O preso Vinícius Marques, representante de outra galeria do Central, afirmou que as queimas de colchões que ocorrem vez que outra não são baderna, mas um pedido de socorro dos detentos à sociedade, que decidiu "varre-los, como faz com os dejetos".
— Qualquer progressão de regime, para sair de um prédio fechado para o semiaberto, leva mais de ano na espera. Mas é nosso direito receber esse benefício da lei, por que demora tanto? — questiona.
 
Foto: Ronaldo Bernardi / Agência RBS

Após os depoimentos, autoridades e a imprensa foram levadas pela direção do Presídio Central para um passeio nos pavilhões. O seminário "O Presídio Central e a realidade prisional: quantos presos queremos ter" transcorre até o final da quinta-feira."Os ratos daqui são maiores que muitos cachorros que vocês criam em casa", relata preso durante seminário no Presídio Central Ronaldo Bernardi/Agencia RBS

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