terça-feira, 22 de maio de 2012

"Se nem no hospital a minha filha está segura, então está tudo perdido", diz pai de menina abusada


O vigilante de 26 anos, pai de uma das meninas que teriam sido abusadas sexualmente no Hospital Conceição, em Porto Alegre, disse que o crime poderia ser evitado se as regras para acompanhantes na ala infantil fossem diferentes. 

As mães, por exemplo, não podem usar o banheiro do quarto. Precisam descer quatro andares. Foi em uma dessas saídas que o abusador se aproveitou. A assessoria de imprensa do hospital confirma que essa é a regra do lugar e que serve para diminuir o risco de contaminação.

— Se nem no hospital a minha filha está segura, então está tudo perdido. É um absurdo deixarem essa pessoa em contato com as crianças — desabafou o vigilante, que teve o nome ocultado para preservar a identidade da vítima, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O suposto caso de abuso foi registrado na segunda-feira. Duas meninas, uma de seis e outra de 11 anos, teriam sido atacadas durante a madrugada dentro de um quarto da instituição. Conforme relatos das crianças, Ivanir Rodrigues Moreira, 31 anos, funcionário da limpeza de uma terceirizada do Grupo Hospitalar Conceição, teria entrado no recinto e molestado as duas.


Filha do meio de três crianças na família da zona sul da Capital, a menina de seis anos filha do vigilante sempre teve medo de ficar sozinha. Quando foi levada ao Postão da Vila Cruzeiro, na sexta-feira, queixando-se de dores na barriga, não desgrudou da mãe.

A primeira suspeita dos médicos era de que ela teve uma crise de apendicite, ainda não confirmada. Com febre, a menina segue internada no Conceição. Desde a madrugada de segunda-feira, ela e os familiares recebem atendimento psicológico no próprio hospital.

Segundo a pediatra do Ambulatório do Conceição e secretária-geral do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Ana Maria Martins, o que ocorreu é inaceitável. Ela sugere que seja repensada a contratação por terceirizadas por parte do hospital:

— Claro que o hospital não podia prever que isso aconteceria. Mas queremos que, daqui para frente, tenha mais segurança. É preciso ter critério na hora de contratar. Se fosse o setor de recursos humanos do próprio hospital, as formas de avaliação do funcionário seriam bem mais apuradas — afirma.

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